Gordura queimada
Zona do Euro aguarda a nova proposta para os credores gregos. Alexis Tsipras ganhou um tempinho com o referendo de domingo, mas essa gordura já foi queimada.
O acordo precisa sair nesta semana.
Sim, eu sei que os europeus são enrolados, e os gregos atrasam ainda mais o cronograma. Só que agora realmente não dá mais para esperar.
Se não alcançarem uma solução até, no máximo, sexta-feira, os bancos gregos quebrarão. Sem os euros do Banco Central Europeu, não há liquidez suficiente para bancar o sistema financeiro grego até o fim de semana.
É uma questão urgente, que pede a preservação de patrimônio sob a forma de caixa (em dólares ou em reais devidamente remunerados pelo CDI).
Por vezes, o melhor a fazer é esperar por aqueles que não podem esperar.
A mágica chinesa
Os chineses arrumaram uma “solução” curiosa para endereçar questões urgentes.
Você soube da fórmula mágica para impedir o derretimento generalizado das Bolsas chinesas?
Suspensão de negócios.
Cerca de 30% das companhias listadas no continente estão com ações suspensas.
Se você não pode negociar uma ação, você não pode vendê-la.
O milagre brasileiro
Ações listadas em território chinês podem entrar em quarentena, mas a VALE continua negociando dia a dia por aqui, refletindo a nona queda consecutiva do minério de ferro.
Pois é, o Governo chinês parece comprometido a salvar as Bolsas de Shanghai e Shenzen, mas salvar o minério de ferro não está entre suas prioridades no momento.
Aliás, o clima não é bom para commodities como um todo (petróleo se reaproxima da mínima de março).
Por mais que o management de Vale tenha os pés no chão e o novo CEO da Petrobras (SA:PETR4) prometa uma atitude market friendly, não há como fazer milagre em um anticiclo de commodities.
Até 22 de julho
Minério de ferro, petróleo… Dilma bem queria se preocupar com os termos de troca da balança comercial brasileira.
Contudo, há urgências mais urgentíssimas.
Tombini está cambaleando na presidência do Bacen.
E o veredicto sobre as pedaladas do Governo está marcado para dia 22 de julho. Só um milagre impede o parecer negativo do TCU.
No Congresso, caberá aos parlamentares tomar uma decisão que, em caso de pedido de impeachment, será encaminhada (ou não) por Eduardo Cunha, o presidente da Câmara.
Em caso de saída de Dilma, a Bolsa brasileira volta a subir?
Não é mais metafísica
Aqui no M5M, não gosto de me debruçar sobre questões metafísicas (no bar é outra história).
Até pouco tempo atrás, mensurar o impacto da saída de Dilma sobre o Ibovespa era um exercício metafísico.
Não é mais o caso, pois a probabilidade política e social de um impeachment vem aumentando.
Mesmo que a chance seja - digamos - de 5%, isso já nos obriga a colocar na matriz de payoffs, já que o impacto seria tremendo.
Não creio que o impeachment beneficiaria a Bolsa de pronto.
Com o tempo, talvez sim - mas não de pronto.